Minas 300 anos: líder no setor, Estado faz história na produção do aço

02/12/2020 | Hoje em dia

Assim como muitos setores da economia brasileira, a siderurgia passou grande aperto na primeira metade do ano, sobretudo entre o primeiro e o segundo trimestres, após a chegada da pandemia da Covid-19. Justamente neste 2020, em que Minas, um dos berços da indústria nacional do aço – e que responde, atualmente, por um terço da produção bruta brasileira do segmento –, comemora o tricentenário de criação. A data oficial, aliás, é hoje e marca o início de uma série de reportagens do Hoje em Dia sobre os 300 anos do Estado, especialmente sob o prisma econômico.

Segundo o Instituto Aço Brasil, além de liderar o ranking dos principais polos siderúrgicos do país, com cerca de 30% da produção total de aço, ou algo em torno de 10,4 milhões de toneladas, em 2019, Minas também se destaca quando o assunto é o consumo: são absorvidos aqui 12% do montante nacional de semiacabados e laminados, menos apenas do que em São Paulo.

A participação mineira nas vendas internas e externas também é historicamente expressiva, com proporção semelhante à da produção, e foi duramente afetada, sobretudo entre março e abril, pela estagnação geral de mercado provocada pela pandemia. Basta lembrar que nada menos do que 14 altos-fornos foram desligados no país, sendo que, já em julho, antes do religamento de todos, de dez seguiam inoperantes seis eram em Minas.

Lembre-se ainda que, no ápice da pandemia, houve forte queda de consumo e a indústria brasileira do aço teve que abafar altos fornos e paralisar outras unidades de produção, chegando a operar com apenas 45% da capacidade instalada. Os prognósticos de queda do PIB eram então sombrios não só no Brasil como na grande maioria dos países.

Reação vigorosa

O presidente do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, diz, contudo, que as indústrias siderúrgicas do Estado, que abriga nove parques produtores de aço, e as do restante do país têm vivenciado, desde a metade de 2020, uma “vigorosa recuperação”, com ênfase nas vendas internas. Estimativas do próprio instituto, que no início da crise estimava queda de até 19% no faturamento em 2020, em relação a 2019, reviu as projeções e, na semana passada, anunciou números bem menos preocupantes.

Apostando em relativa estabilidade nas comercializações internas (0,5%), espera-se atingir 18,9 milhões de toneladas ao fim do ano, com queda de apenas 1% no consumo aparente – que deve atingir 20,8 milhões de toneladas. No tocante à produção, a da indústria brasileira e mineira do aço deve decrescer, sim, mas apenas 5,6% em relação ao ano passado, bem menos do que se imaginava. Isso deve significar um total de 30,7 milhões de toneladas na atual temporada. As importações devem cair 17,4% em relação a 2019 e as exportações devem ter queda de 16,3%.

Para 2021, segundo o dirigente, o olhar é de otimismo, baseado na crença de retomada do crescimento sustentado. A expectativa é de aumento de 5,3% nas vendas internas e de 5,8% no consumo de produtos siderúrgicos. A expectativa é de maior consumo de aço na construção e na infraestrutura, e maior participação da indústria nacional no setor de óleo e gás e energia renovável.



Gerdau exerce outros protagonismos além do aço

Maior empresa brasileira produtora de aço, a Gerdau construiu, ao longo dos últimos anos, fortes laços com a economia e a sociedade mineiras, com quatro usinas siderúrgicas (Barão de Cocais, Divinópolis, Ouro Branco e Sete Lagoas), unidades de mineração em Miguel Burnier (Ouro Preto) e Várzea do Lopes (Itabirito), além da unidade Florestal, com sede em Três Marias, que conta com plantios de eucalipto próprios e de cerca de 500 produtores rurais parceiros, para produção do carvão vegetal utilizado como biorredutor na fabricação de gusa e aço. A companhia possui, ainda, unidades da Comercial Gerdau em várias cidades mineiras. A empresa é responsável, hoje, por 11 mil empregos diretos por aqui, e já pode, tranquilamente, considerar-se protagonista do tricentenário estadual.

Além da geração de postos de trabalho e renda para milhares de famílias, a empresa, que em 2021 completará 120 anos de atuação no país, também se destaca pela atuação em responsabilidade social, por meio do Instituto Gerdau, responsável pela estratégia de atuação social da empresa, com foco em formar empreendedores que gerem mudanças positivas nas comunidades nas áreas de Educação Empreendedora, Habitação e Reciclagem.
Segmento aposta no crescimento econômico sustentado em 2021 e projeta indicadores positivos: vendas internas devem subir mais de 5%

Em 2019, em todo país, foram 64.500 pessoas beneficiadas por meio de um investimento social total de R$ 18,5 milhões em 400 projetos sociais. O número de voluntários atuantes nestes projetos somou 6.400.

A empresa também tem promovido uma série de apoios às comunidades no combate à pandemia de Covid-19. “Neste momento, a Gerdau tem contribuído ainda com a infraestrutura do sistema de saúde das cidades onde atua, com doações de respiradores, equipamentos de segurança, materiais de limpeza e alimentos, além de desinfecção de áreas públicas, e com reformas de hospitais e unidades de saúde, deixando um legado para as comunidades”, afirma Wendel Gomes, diretor de Mineração e Matérias-Primas.

Formação para empreendedores

Como forma de transformar a estratégia de investimento social em realidade, a Gerdau possui várias iniciativas em andamento e conta com diversos parceiros, como o Sebrae – MG, no Programa de Desenvolvimento Empresarial, na região de Ouro Branco.

Neste programa, os empreendedores recebem capacitações em gestão, por meio de conteúdos como gestão de resultados, financeira, comercial e de recursos humanos e consultoria focada para reduzir os gaps de cada negócio. Ao todo, 67 micro e pequenas empresas foram beneficiadas.

Em Minas, a empresa ainda desenvolve o Programa Gerdau Transforma, projeto autoral com foco no desenvolvimento de empreendedores que já possuem negócios ou ideias. O público é o empreendedor informal ou autônomo, que participa de um curso de curta duração de 30 horas com dez módulos de aprendizagem.

Habitação

Já na área de habitação, outra ação merece destaque: a Gerdau atua na promoção de startups para cumprir uma jornada de aceleração no “Lab Habitação: Inovação e Moradia”. Com destaque para a Arquitetos da Vila – de Belo Horizonte (MG). O negócio de impacto social faz reformas em habitações de comunidades de baixa renda com qualidade, preço justo, possibilidade de financiamento e prazo adequado, melhorando as condições de vida dos moradores a um custo acessível.

Ações de educação ambiental são destaque entre programas

Dentre as ações da Gerdau voltadas a comunidades nas quais a empresa está inserida, chamam a atenção as iniciativas relacionadas à educação e à proteção ambiental. Uma delas é o Gerdau Germinar, programa que atende seis municípios da região do Alto Paraopeba: Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Itabirito, Moeda, Ouro Branco e Ouro Preto (distrito de Miguel Burnier). Atualmente, o programa é uma das referências nacionais na prática da educação ambiental como instrumento para a sustentabilidade.

Desde 2004, o Gerdau Germinar conta com o Biocentro, espaço exclusivo para a prática da educação ambiental, que desde o início das atividades já recebeu mais de 153 mil estudantes.

Neste ano, o programa completa 30 anos, tendo alcançado a marca de 465 mil beneficiados. Ele inseriu e fortaleceu a educação ambiental nas instituições de ensino público e privado de maneira consistente, alcançando o envolvimento de 100% das escolas da região. Cerca de 27 mil pessoas participaram de cursos e oficinas socioambientais. Anualmente, aproximadamente 6 mil alunos são atendidos.

Inaugurada em 2019, no Biocentro, a Casa Sustentável é uma casa construída a partir de coprodutos da mineração. Ela apresenta ao público novos conceitos de sustentabilidade aplicados à atividade minerária e ao conceito de economia circular na habitação – um dos territórios de investimento social da Gerdau.

“Com 48m² e sete cômodos, a Casa Sustentável, projeto do arquiteto Gustavo Penna, foi elaborada nos moldes do programa federal Minha Casa, Minha Vida. A tecnologia pioneira, desenvolvida em parceria da Gerdau com o Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), viabilizou a produção de blocos, argamassa e piso drenante, entre outros produtos de construção com rejeitos de minério de ferro, uma solução que pode transformar a gestão de resíduos da mineração no futuro”, explica o gerente de Sustentabilidade da Gerdau, Francisco de Assis Couto.

Museu

A empresa também é mantenedora do MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal, que em 2019 chegou à marca de um milhão de visitantes. Inaugurado em 2010, o MM Gerdau faz parte do Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Trata-se de um museu de ciência e tecnologia mantido pela Gerdau, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O museu conta a história da mineração e da metalurgia em 44 exposições permanentes. Recebe ainda exposições temporárias, palestras científicas e outras atividades.

Além disso:

A história de Minas, nos últimos 300 anos, está impregnada da mineração, claro – o que justifica, inclusive, o nome do Estado –, e da siderurgia, segmento que transforma recursos naturais em elementos fundamentais ao desenvolvimento, como o ferro e o aço.

Alguns marcos dessa relação vêm dos séculos XVIII e XIX, com as primeiras tentativas de criação de indústrias siderúrgicas em solo mineiro. Jean Monlevade, que acabou dando nome a uma das principais hoje cidades dedicadas à atividade, por exemplo, trabalhou com o experiente alemão Eschwege, outro pioneiro, em diversos projetos ligados à indústria do ferro.

Depois, aventurou-se no segmento, associando-se ao Capitão Luiz Soares de Gouveia na construção de um alto-forno em Caeté. Na segunda metade dos anos 1800, foi responsável por um empreendimento inaugural da região que hoje é denominada Vale do Aço.

As referências importantes são inúmeras, mas vale citar a criação da Escola de Minas de Ouro Preto pelo engenheiro francês Claude Henri Gorceix, a pedido de Dom Pedro II, em 1876, ou a fundação da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, nos anos 20 do século passado.

Também não se pode esquecer do papel crucial para a expansão industrial de Minas e do Brasil. Primeiro, de Getúlio Vargas, nos anos 30, e, depois, do presidente Juscelino Kubitschek, diamantinense, com o qual o país viu seu ramo industrial crescer exponencialmente, diante do slogan “50 anos em 5”. Ambos propiciaram enorme evolução da siderurgia mineira, que, nas últimas décadas, seguiu crescendo de maneira sólida e cada vez mais promissora.
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