Recorde em 2025, importação de aço já custou 5 mil vagas e R$ 2,5 bilhões em investimentos ao país
16/12/2025 |
Assessoria de Imprensa Aço Brasil
Produção cai 2,2%, afetada pelo maior ingresso de laminados em 15 anos. Situação requer medida urgente para evitar colapso do setor
São Paulo, 16 de dezembro de 2025 – Sob o impacto de importações recordes, a produção de aço no Brasil cairá 2,2% em 2025, em relação a 2024, fechando em 33,1 milhões de toneladas, prevê o Instituto Aço Brasil. Com alta de 20,5%, o ingresso de produtos laminados atingirá 5,7 milhões de toneladas, o maior volume em 15 anos. Práticas concorrenciais predatórias que estão ocorrendo no comércio mundial do aço já causaram o fechamento de 5 mil vagas e corte de R$ 2,5 bilhões em investimentos, no setor.
As vendas internas, segundo as projeções, recuarão 0,5% em 2025, para 21, 2 milhões de toneladas. O consumo aparente crescerá 2,4%, para 26,7 milhões de toneladas, devido, principalmente, às importações. Exportações crescerão 6,9%, fechando em 10,2 milhões de toneladas.
O volume de laminados de aço que entra no país, atualmente, é 168% superior à média das importações entre 2000 e 2019, de 2,2 milhões de toneladas. Esse crescimento levou a penetração de importados (“import penetration”) para 21%, ante o patamar histórico de 9,7%. “O atual import penetration é inaceitável. Essas importações já tomam um terço das vendas internas do setor”, afirma Marco Polo de Mello Lopes, Presidente Executivo do Instituto Aço Brasil. Os níveis elevados de importações de aço têm se mantido a despeito de medida de defesa comercial adotada pelo governo por meio do mecanismo Cota-Tarifa, que abrange 16 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul para classificação de produtos) em um universo de 273 NCMs para produtos de aço.
A China, que responde por 64% das importações brasileiras de aço, adota política de incentivos e subsídios, o que possibilita a venda para outros países a preços abaixo do custo de produção. “Nenhum país que pratique economia de mercado consegue competir com tais condições”, explica Lopes. Adicionalmente, acordos de comércio celebrados pelo Brasil com outros países ou regiões, regimes aduaneiros especiais e incentivos fiscais que baixam ICMS nos estados aliviam significativamente as alíquotas para importação de aço, de tal forma que a tarifa efetiva para importação, calculada pelo Aço Brasil com base em dados públicos, é de apenas 7,2%, muito abaixo dos 25% do mecanismo ou mesmo da tarifa de 12,8% que vale para os produtos não enquadrados no mecanismo Cota-Tarifa.
A persistir a tendência atual, e sem mudanças visíveis no cenário externo, as importações terão mais um ano de alta em 2026, com variação de 10%, para 6,3 milhões de toneladas, prevê o Aço Brasil. A produção deverá amargar outro tombo de 2,2%, para 32,4 milhões de toneladas. As vendas internas devem cair 1,7%, para 20,8 milhões de toneladas. O consumo aparente crescerá 1%, para 27 milhões de toneladas.
Ante a perspectiva de que as importações devam permanecer em níveis muito elevados, a indústria do aço acredita que o governo adotará, de forma célere, mecanismos de defesa comercial mais efetivos. Caso contrário, alerta o setor, a concorrência desleal praticada por alguns países não cessará, levando a um risco de maior paralisação de plantas e perda de empregos.
“Os empregos e investimentos cortados na indústria do aço brasileira são o preço que o Brasil paga por não conseguir reagir contra as importações predatórias na mesma velocidade verificada em países como Estados Unidos, União Europeia e México”, afirma André B. Gerdau Johannpeter, Presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil e presidente do Conselho de Administração da Gerdau. “Confiamos que o Brasil fará o mesmo, para que evitemos a transferência de empregos para os países que produzem o aço que inunda nosso mercado de forma desleal”.
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